O Traçado do Arremesso

26.SET-06.DEZ

O Traço como Identidade

A exposição celebra o traço como uma assinatura indelével, uma marca registrada que revela a alma do artista. Assim como a Lança se destaca pela qualidade e originalidade de seus produtos, cada artista imprime em suas obras um estilo próprio, fruto de anos de dedicação e experimentação. Seja através da força vibrante das cores, da delicadeza dos traços ou da ousadia das formas, cada obra é um convite à descoberta da singularidade de seu criador.

Técnica e Pesquisa: Um Diálogo Constante

A mostra evidencia a importância do diálogo entre técnica e pesquisa na trajetória artística. Cada artista, com sua bagagem cultural e vivências pessoais, desenvolve um processo criativo que se alimenta da busca constante por novos conhecimentos e aprimoramento técnico. A pesquisa, seja ela histórica, social ou estética, enriquece a obra e a torna um reflexo do mundo que a rodeia. A técnica, por sua vez, é a ferramenta que permite materializar a visão do artista, transformando ideias em formas tangíveis.


Maceió, Recife, São Paulo. O projeto de uma galeria de arte contemporânea cujas raízes passam por esses três lugares, finalmente desencantou na capital paulista, trazendo em sua primeira exposição uma artista alagoana, Karla Melani, um pernambucano, Jorge Souza, e uma paulista, Adalgisa Campos. Em comum, a vontade de se lançar em novas aventuras, de expor sua arte, sua alma, seus medos e seus desassombros.

As técnicas são diferentes, as relações com o mundo também. Mas o ineditismo de seus trabalhos e as expectativas de interagir com o público coincidem. Karla, Jorge e Adalgisa fazem assim uma mostra única e visceral. Reunir os três é a primeira aposta da Lança Galeria. Um tiro incerto com a própria arte. Porém capaz de chegar longe e atingir o mundo. Merda para eles. Merda para nós.

NATUREZA MANIPULADA. Usando uma técnica rara, a Escanografia, e um aparelho preciso, o Scanner, Karla Melani cria imagens poéticas que poderíamos chamar de natureza morta-viva. Sob o seu olhar, um pássaro que acabou de perecer, rodeado de ervas e envolto na escuridão, soa como um universo paralelo que transita entre a vida e a morte. Com formação em fotografia, comunicação, antropologia e artes, Karla encontrou no Scanner sua ferramenta investigativa. Ao reunir bichos e plantas sobre o tampo de vidro do aparelho, ela consegue moldar a natureza à sua maneira, criando composições artísticas hiper-realistas que evocam mestres da história das artes.

Essa relação curiosa com a natureza vem da infância no jardim da casa da avó. Desde sempre, uma flor ou um bicho podem facilmente se transformar em divindades, tal o encantamento. No fundo, Karla, que já mergulhou em aldeias fotografando indígenas, confia na cosmovisão dos povos originários que diz “Tudo é Natureza”. Karla é natureza. Assim, essa estranha curiosidade sobre morte e vida dos bichos é, na verdade, busca de autoconhecimento. É também sua mais íntima expressão artística.

DEMASIADAMENTE HUMANO. Há algo de antigo, de triste e de tenso na arte figurativa de Jorge Souza. São rostos e corpos com semblantes e expressões profundas. Como que a nos mostrar que a vida tem um peso. Um fardo que somos obrigados a carregar, mas que é justamente ele que nos sustenta.

Jorge cresceu em um universo feminino, a observar sua mãe e sua tia, mulheres fortes e corpulentas. Semelhante à literatura de Proust, seu trabalho são pedaços de um romance de lembranças e sensações, nos quais a felicidade fácil não tem vez. Suas narrativas se escondem nos detalhes. Muitas vezes as histórias passam desapercebidas, mas a verdade está ali, construída no conjunto da obra, na figura e no fundo. Telas e cerâmicas trazem uma estética renascentista e uma mensagem subliminar difícil de desvendar. Quase sempre com uma heroína chamada Isadora, que absorve tudo o que o artista está sentindo e, como uma atriz talentosa e intuitiva, sabe expressar bem as nuances de seus sentimentos.

DA EXISTÊNCIA ÀS FORMAS. O desenho é a técnica principal de Adalgisa Campos. Talvez a única. Além de lápis, a artista desenha com fita adesiva, terra, pedra, cinzas e tudo mais que sua imaginação quiser e estiver à mão. Para ela, o desenho é um gesto, uma forma de pensar imagens e organizar a mente. Por não ter tido uma formação artística convencional – é graduada em arquitetura –, durante muito tempo se sentiu à margem. Até que entendeu que pular etapas tradicionais representa grande liberdade criativa. Deixou-se levar, então, pelo desejo de experimentar materiais e formas, impondo seu traço em tecidos, lonas, feltros e até na máquina de corte a laser.

Professora de artes, gosta de reunir alunos e colegas em sua casa-ateliê, no centro de São Paulo, para pensar, discutir, estudar e ressignificar o fazer artístico. Arte e coletividade. Arte e cidade. Arte que vai muito além da produção individual. Nesse aspecto, a dimensão artística da interface entre humanos é o que mais lhe interessa.

CURADOR I Pedro Ariel Santana

o curador

Pedro Ariel Santana é baiano, formado em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. Depois de passar por alguns dos melhores escritórios de design de interiores da capital paulista, trabalhou por 18 anos na Editora Abril, na qual foi Diretor de Redação da revista CASA CLAUDIA de 2010 a 2014. Durante esse período, organizou vários livros, entre eles Artesãos do Brasil e Design Brasil: 101 Anos de História e foi curador de diversas exposições de design e artes em São Paulo e Milão. Também foi o curador das quatro primeiras edições da Semana de Design de São Paulo (DW), entre os anos de 2012 e 2014. Desde agosto de 2014 exerce o cargo de Diretor de Conteúdo e Relacionamento da CASACOR, onde atua como curador das mostras em todo o Brasil. É autor de cinco livros da séria A Grande Beleza e do livro A Casa Original. Mais recentemente, em 2022, obteve o título de especialista em Crítica e Curadoria de Arte, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e foi o curador da exposição Ecos Armoriais (2024).

OBRAS


Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2019

34 cm x 34 cm

Cinzas sobre tela preparada

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2019

34 cm x 34 cm

Cinzas sobre tela preparada

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2019

34 cm x 34 cm

Cinzas sobre tela preparada

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2019

34 cm x 34 cm

Cinzas sobre tela preparada

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2019

34 cm x 34 cm

Cinzas sobre tela preparada

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

32 x 24 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

32 x 24 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

22,5 x 22 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

22,5 x 22 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

22,5 x 22 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

22,5 x 22 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

22,5 x 22 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

22,5 x 22 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

24 x 24 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

22,5 x 22 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (Corpo #16), 2023

200 x 200 cm

Feltro recortado a laser, acrílica e grafite

sobre lona encerada.

Adalgisa Campos

7 solos (sobreposição), 2022

60,5 x 90 cm x 2 cm

Feltro sintético recortado a laser

Adalgisa Campos

Do tamanho do corpo (máscara), 2020

22,5 x 22 cm

Guache, acrílica e grafite sobre papel

Adalgisa Campos

7 solos (justaposição), 2022

7 segmentos de 29,7 x 42 cm cada

Feltro sintético recortado a laser

Jorge Souza

s/t, 2024

Óleo sobre tela

60x50cm

Jorge Souza

s/t, 2024

Óleo sobre tela

60x50cm

Jorge Souza

Doce Colheita I, 2024

Óleo sobre tela

120x100cm

Jorge Souza

Doce Colheita II, 2024

painel cerâmico

108x108 cm

Jorge Souza

s/t, 2023

aquarela s/papel

30x19cm

Jorge Souza

s/t, 2024

aquarela s/papel

30x19cm

Jorge Souza

s/t, 2024

aquarela s/papel

30x19cm

Jorge Souza

Fiz de mim o que não soube, 2024

Vaso cerâmico

42x30cm

Jorge Souza

s/t, 2024

prato de porcelana e cerâmica

∅ 23cm

Jorge Souza

s/t, 2024

prato de porcelana e cerâmica

∅ 23cm

Jorge Souza

s/t, 2024

prato de porcelana e cerâmica

∅ 23cm

Jorge Souza

s/t, 2024

prato de porcelana e cerâmica

∅ 18cm

Jorge Souza

s/t, 2024

Cerâmica Vitrificada

2 7 x 2 1 c m

Karla Melani

"Beija-flores", Série "Relicário“, Vale do Capão, BA

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão, 2020

110x90cm

1/8+2P.A.

Karla Melani

"Azul", Série "Alados", Maceió, AL, 2017

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão

110x90cm

1/8+2P.A.

Karla Melani

"Magenta", Maceió, AL, 2017

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão

80x60cm

1/8+2P.A

Karla Melani

"Vermelho 1", Série "O Jardim da Família Macário"

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão, Maceió, AL, 2017

80x60cm

1/8+2P.A

Karla Melani

"O Pássaro Azul 1", Série Alados, Vale do Capão, BA

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão, 2019

80x60cm

1/8+2P.A.

Karla Melani

"O Pássaro Azul 2", Série Alados, Vale do Capão, BA

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão, 2019

80x60cm

1/8+2P.A.

Karla Melani

"Oxum", Série Idílio, Vale do Capão, BA, 2019

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão

60x40cm

1/8+2P.A.

Karla Melani

"Borboleta, mariposas e libélula", Série "Relicário", Vale do Capão, BA, 2020

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão

60x40cm

1/8+2P.A.

Karla Melani

“Lágrima de Cristo", Série "Relicário", Vale do Capão, BA, 2020

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão

60x40cm

1/8+2P.A.

Karla Melani

"A Flor da Baronesa", Série "O Jardim da Família Macário“, Maceió, AL, 2017

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão,

60x40cm

1/8+2P.A.

Karla Melani

"Vermelho 2", Série "O Jardim da Família Macário", Maceió, AL, 2017

escanografia, pigmento mineral sobre papel de algodão,

60x40cm

1/8+2P.A.

Pernambuco, Alagoas e São Paulo: Um Brasil de Diversidade

A escolha de artistas de diferentes regiões do país reforça o compromisso da Lança com a valorização da cultura brasileira em sua pluralidade. Cada estado, com suas tradições e peculiaridades, contribui para a riqueza da produção artística nacional. Ao reunir artistas de Pernambuco, Alagoas e São Paulo, a exposição oferece um panorama da diversidade de estilos e abordagens presentes na arte contemporânea brasileira.

A Lança e o Artista: Uma Parceria Criativa

A exposição não apenas celebra o talento dos artistas, mas também fortalece a relação entre a Lança e o universo da arte. Ao apoiar e divulgar o trabalho de artistas brasileiros, a marca reafirma seu compromisso com a cultura e a criatividade. A parceria entre a Lança e os artistas é uma troca mútua, na qual a marca se beneficia da sensibilidade e originalidade dos criadores, enquanto os artistas encontram na Lança um espaço para expor suas obras e alcançar um público mais amplo.

A exposição da Lança é um convite à reflexão sobre a importância do traço individual na arte e na vida. Através das obras dos três artistas, somos convidados a mergulhar em universos particulares, repletos de significados e emoções. A mostra nos lembra que a arte é um reflexo da alma humana, um espelho que nos permite enxergar a beleza e a complexidade do mundo que nos rodeia.